17/11/2007

Os vícios de uma bola


Dizem que quando um ser humano é viciado em algo, acaba por mudar inconscientemente a sua própria vida. De facto um vício pode tornar-se numa obsessão transformada em armadilha oculta que mexe profundamente com o nosso pensamento psicológico e origina sensações negativas. Mas falemos das positivas: Futebol.
É um vício muito agradável, acessível a nível financeiro, dá cartas saudáveis, respira um fumo suave, e transpira beleza desportiva.
Não vamos confundir vício com fanatismo. O fanático não se importa com o que acontece com o futebol como um todo, ele só tem olhos para o seu clube. Tudo que contrarie o seu clube é tratado como conspiração. Basta ele ler ou ouvir algo para ficar ofendido.O viciado, não. Ele tem uma equipa pela qual admira, mas prefere simplesmente discutir uma partida de futebol, independentemente do resultado da equipa pelo qual simpatiza.
Mas o mais problemático é quando uma personalidade reúne os dois sentimentos traiçoeiros.
Infelizmente ou felizmente, existiram jogadores de futebol que ficariam marcados para sempre não só pelas suas qualidades técnicas mas também pela sua rebeldia, derivada de vícios como: drogas e o álcool.

Best, Garrincha e Gascoigne: Símbolos do Álcool


Antes de Pélé, o futebol brasileiro já tinha conhecido um rei. Mané Garrincha, ou simplesmente Garrincha, foi um futebolista que se notabilizou pelos seus dribles desconcertantes, é considerado entre os especialistas de futebol como um dos maiores jogadores da história do futebol em todos os tempos. O jogador era viciado em bebidas alcoólicas e nem por isso deixou de ser adorado pelos brasileiros. No auge de sua carreira, “O Anjo de Pernas Tortas", como era conhecido por ter as pernas demasiado curvas, segundo diziam os médicos ele deveria ter dificuldade em caminhar quanto mais correr, no entanto era injectado antes dos jogos para evitar as dores e foi um dos heróis na conquista do Campeonato do Mundo de 1958 e principalmente do Mundial de 1962. Sempre foi um jogador problemático, e viria a ser mesmo o álcool a dar cabo de si. Em 1966 a bebida já tinha destruído os seus dias e, apesar de continuar a jogar, o seu joelho já mais parecia uma bola de futebol de tanto inchar com o esforço. Morreu em 20 de Janeiro de 1983, com 50 anos, já mal podendo andar, completamente dependente do álcool.



Pela mesma altura, o álcool ia divertindo mais artistas do outro lado do Atlântico. George Best, tornou-se num mito do futebol. Foi um génio louco do Manchester United em finais dos anos 60, nascido na Irlanda do Norte era considerado o 5 Beatle pela sua rebeldia e dependência do álcool. Em 1968, quando venceu a Bola de Ouro de melhor jogador europeu do ano, Best tinha apenas 22 anos, e o mundo a seus pés. Após 5 anos estava completamente dependente do álcool destruindo uma carreira e abandonou os grandes palcos aos 27 anos dizendo:
“Nunca saí de manhã com a intenção de me embriagar. Isso acontecia e é tudo”.
“Em 1969, eu abandonei as mulheres e o álcool. Foram os piores 20 minutos da minha vida”.
Recentemente, após outra crise que o levou aos cuidados intensivos, e mesmo a uma troca de fígado, Best anunciou colocar á venda os seus troféus do tempo de futebolista. Morreu em 2005 digno de uma grande homenagem por toda a Grã-Bretanha.



E foi mesmo nessa senhora ilha, que nasceu Paul Gascoigne. O “embriagado” mais recente. Apenas tenho a dizer que numa entrevista á TV norueguesa o repórter pediu uma mensagem aos adeptos adversários e ele respondeu com um simples “Fuck you”. Que foi noticia varias vezes por bater na mulher. E claro está, que aparecia nos jornais, revistas e televisão constantemente embriagado. Em 1998 com apenas 30 anos Gascoigne enterrou-se completamente, e depois dos médicos dizerem "Se ele não parar, vai morrer antes dos 40 anos" foi mesmo fazer um grande tratamento numa clínica de dependentes do álcool.

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É diferente, marcante, esquesito, triste mas real. Têm sido constantes os resultados positivos de benzoilecgonina, principal componente da cocaína, nos testes de anti – doping. O Futebol italiano que o diga. Desde os tempos áureos de Diego Armando Maradona que foi apanhado a primeira vez quando jogava no Nápoles em 1991, que a Série A tem sido assombrada com casos idênticos. O mais recente foi o de Francesco Flachi capitão da actual Sampdoria. Antes dele: Mark Bosnich guarda-redes do Chelsea em 2002 apanhou 9 noves de suspensão e Adrian Mutu a estrela do futebol romeno, quando foi contratado pelo Chelsea, talvez para festejar perdeu a cabeça e foi suspenso em Outubro de 2004 por 7 meses. El Pibe, a personagem mais controversa de toda a história do futebol, é o nome perfeito da junção dos 2 vícios, sendo suspenso outra vez em 1997 e banido do futebol. Proeza idêntica só fez Higuita, celebre guarda-redes da selecção Colombiana dos anos 90, também detém o record de acusar 2 vezes a mesma substancia. Infeliz é a história de Miler Bolanos, tem 17 anos, é considerado a grande esperança do futebol equatoriano e detectou cocaína muito recentemente após partida do Barcelona de Guayaquil, seu clube, para o campeonato equatoriano.

Fumar Pode-se…


A quem diga que não faz mal. Mas seremos realistas, tudo faz mal em excesso. No entanto á com certeza uma enorme quantidade de jogadores profissionais que fumam com tranquilidade. Vamos debruçar-nos em 2 exemplos: 1 apanhado se surpresa o outro confessou de peito feito.
Falta um jogo para a final do Mundial 2006 realizado na Alemanha. A França é uma das finalistas, depois de ter eliminado a Selecção Brasileira, eliminou Portugal nas meias-finais, Zindedine Zidane a sua estrela e já consagrado mundialmente está ali, no parte de fora do hotel a fumar o seu cigarrinho tranquilo.
Para terminar, tivemos um exemplo de coragem lusitana. Miguel foi para os jornais espanhóis dizer que saía para se divertir todas as semanas em Valência e sendo assim vamos terminar com as suas palavras.
“Fumo há 14 anos e não há muito a fazer. Mas sei controlar-me, fumo dois ou três cigarros, não fumo um maço por dia”

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