Crise muito Avançada

Vamos falar um pouco sobre o grande problema que tem afectado a selecção nacional nestes últimos anos. Cada vez que se aproxima uma fase final, seja Europeu ou Mundial, surge sempre uma questão digna de crise que voltará a assombrar novamente em 2008 na Austria e na Suiça. Quem será o nosso ponta de lança?
Um ponta de lança é definido por varias características; pode ser pouco móvel e tecnicista mas com instinto matador (Pauleta), pode ser inteligente benefeciando a equipa com jogadas colectivas, desmarcações sem bola e eficazes no 1 x 2 (Nuno Gomes), á ainda aqueles que têm velocidade e jogam bem de trás para a frente (João Pinto ou Domingos), aqueles que tiram proveito do seu porte físico, protegem bem a bola e são perigosos no remate (Hugo Almeida) ou então aqueles que são tudo isto em conjunto levando-os a ser considerados os melhores e a permanecerem entre nós para sempre (Eusébio). Portugal não encontra um avançado confiante e de top mundial desde a Pantera Negra nos anos 60 e do elegante Gomes dos anos 80.
Neste momento só apetece dizer que a equipa das quinas está uma calamidade em termos de avançados com possibilidades de integrarem a comitiva que vai ao Euro:

Nuno Gomes – O instinto de matador já não existe e a sua época no Benfica foi simplesmente péssima. Capacidade de luta, recuperação de bola e índices de confiança; tudo em baixo. Ainda não consigo acreditar que ele poderá vir a ser o homem mais avançado da selecção de todos nós. No entanto, não esquecendo as glórias que já nos proporcionou nos grandes momentos, nomeadamente os golos á Inglaterra e França em 2000 e á Espanha em 2004 merece ser, pelo menos um dos 3 convocados.

Hugo Almeida – Não é o jogador ideal para o futebol rápido e vivo de Cristiano Ronaldo ou Nani, mas em contrapartida pode tirar proveito dos cruzamentos milimétricos de Ricardo Quaresma ou Simão. Ainda não convenceu os adeptos portugueses, talvez pelo seu estilo de jogo do qual não se apaixona á primeira vista, mas considero ser o que melhores condições apresenta neste momento para ser titular.

Hélder Postiga – Se o treinador da selecção nacional fosse o espanhol Victor Fernandez, os portugueses José Couceiro e Jesualdo Ferreira, o holandês Co Adriaanse, os adeptos do Tottenham, do Saint-Etiénne, ou eu e provavelmente grande parte da população nacional o Hélder não ia ao Europeu! Mas como o treinador é Scolari tudo indica que será a 3ª opção para a frente de ataque ganhando terreno na luta pela última vaga a Makukula. Resta-nos rezar para que pelo menos não seja utilizado.

Para além destas 3 opções temos ainda Makukula, mas ao mesmo tempo nao temos. Se fosse o Ariza do Maritimo talvez sim, mas depois da transferência para o Benfica tudo mudou, e compreensivelmente deixou de ser opção. Temos ainda o João Tomás (esqueçam, estava a brincar) e finalmente o ex setubalense Edinho, esse sim parece ser uma opção mais séria. Depois de uma boa meia época no Vitória de Setubal transferiu-se em Janeiro para o AEK da Grécia onde se tem destacado, sendo já uma referência da equipa e ídolo dos adeptos. Rivaldo seu colega de equipa já aconselhou Scolari a segui-lo com atenção. Será que o seleccionador lhe vai dar ouvidos? Não sabemos. Nunca se sabe para que lado está virado... A única coisa que sabemos é que esta crise de avançados já vai muito avançada...

• Anos 50 – Peyroteo e Matateu
  
• Anos 60 – Eusébio, Torres
  
• Anos 70 – António Oliveira e Manuel Fernandes
  
• Anos 80 – Fernando Gomes, Jordão, Nené e Paulo Futre
  
• Anos 90 – Cadete, Domingos, João Vieira Pinto e Sá Pinto
  
• Anos 00 – Pauleta, Nuno Gomes, Hélder Postiga, Hugo Almeida